Apesar da diferença de idade, as vizinhas Luana e Antônia eram muito amigas. Naquele dia, Antônia encontrou Luana sentada em um canto do quarto, com um olhar triste...
- E aí amiga, a festa bombou?
- É, respondeu Luana, meio sem entusiasmo.
- E essa cara, o que aconteceu?
- Não aconteceu nada. Deixa pra lá...
Um silêncio se seguiu, enquanto Antônia foleava uma revista e Luana permanecia imóvel.
- Tá bom, eu conto! – exclamou Luana. É que eu fiquei com um carinha na festa e agora não acho ele no twitter, no Orkut, nem no msn... Na verdade, não sei nada dele, só o primeiro nome.
Novo silêncio, que é quebrado depois de alguns minutos por Antônia:
- Quer um chiclé?
- Quero!- disse logo Luana.
Antônia então tirou o chiclete da própria boca e ofereceu à amiga.
- Que nojo! – reclamou Luana. De onde você tirou essa ideia?
Antônia riu e disse:
- Engraçado... o meu chiclé você não quer. Mas beijou e deu uns amassos em um garoto que você nem conhece... Dele você não teve nojo, né? E se ele tiver hepatite, herpes, cárie?
Antônia explicou que a cárie e algumas doenças são transmissíveis pelo beijo, inclusive a gripe.
- Sem falar na troca de energias, completou Antônia.
Agora foi a vez de Luana rir, dizendo que a troca de energias foi legal...
Nesse momento, a mãe de Luana entrou no quarto, com um enorme pote de pipocas. Quando ela saiu, Antônia continuou:
- Todas as nossas atitudes e sentimentos deixam marcas, em nós e com quem nos relacionamos. Por isso, é importante conhecermos as pessoas, seus valores e caráter. Você emprestaria o Toy para esse garoto que você ficou?
Toy era o cachorrinho de Luana, seu companheiro inseparável.
- Não emprestaria, né? - completou Antônia. Mas você emprestou a Luana! Valorizar quem gostamos inclui valorizar a si mesma! Valorizar o próprio corpo, a companhia... Se você conhecesse ele um pouco melhor, soubesse que é um cara legal, não estaria com esta cara hoje!
Luana sabia que a amiga estava com a razão. Contou a ela mais sobre a festa, enquanto Antônia explicou que somos responsáveis pelos relacionamentos que cultivamos, e completou:
- Também no ficar, no namorar, vale aquela regra ensinada por Jesus: “fazer aos outros o que queremos que nos façam”. Se todo mundo seguir, não haverá traições, nem mágoas.
E foi assim, conversando, enquanto comiam pipocas, que Luana prometeu à amiga que teria atitudes diferentes, no futuro.
Claudia Schmidt
Nenhum comentário:
Postar um comentário