Lucinha, uma linda garota, filha única de Seu Jorge e Dona Laís, adorava colocar apelido nos seus coleguinhas, a fim de irritá-los com as piadinhas que vinham junto com os mesmos.
A Lili que tinha o cabelinho liso e bem loirinho ela chamava de espantalho e falava: "_ vou lhe colocar no milharal para espantar os corvos!! "
O Juquinha era bem gordinho e pançudo, sofria muito com a Lucinha a lhe perturbar chamando-o de botijão de gás, acrescentando: "_ Já vi muitos botijões explodirem, será que este aí também vai explodir?" Falava apontando para o garoto.
O garoto corria atrás da menina, atirava-lhe pedrinhas, chorava, emburrava, mas ela seguia firme com os apelidos e brincadeirinhas sem graça.
Um dia ela se dirigiu à Rosinha, uma coleguinha de cor negra, e falou: "_ Garota, quando Deus lhe criou lhe colocou para assar e esqueceu você no forno, daí você queimou, não foi mesmo?"
Rosinha que não gostava de brincadeiras, muito menos quando a discriminava por causa da sua cor, respondeu-lhe: "- Juro por Deus que vou lhe mostrar quem foi que queimou!! "
Os outros coleguinhas preocupados perguntaram-lhe: "Que é que você vai fazer Rosinha?
- Vou, com os meus pais, dar uma queixa na delegacia e na diretoria.
Assim Rosinha fez!
Contou o ocorrido aos seus pais que, chateados, foram com a filha e registraram a queixa na delegacia e na diretoria do colégio.
Lucinha, até então, pensava que nunca seria punida, foi intimada pela diretora do colégio a comparecer com os seus pais na diretoria, onde recebeu uma punição, foi suspensa por oito dias e com isto perdeu a festinha da escolha da Rainha das Flores.
Em casa, aos prantos, depois de um belo sermão dos pais, Lucinha se remoía de arrependimento pelo que fez com a colega, quando bateram à porta e ela foi abrir pensando ser algum coleguinha que tivesse ido visitá-la, mas era o funcionário da delegacia com outra intimação para ela, ali comparecer com os seus pais.
O delegado, Dr. Fabiano, conversou com os pais da menina, sobre a sua conduta e, lhe deu um belo castigo: ela teria que visitar, todos os dias durante seis meses, as famílias negras e carentes do bairro Cristal, onde ela ensinaria bons modos às crianças, ajudaria nos deveres da escola e levaria mantimentos que seus pais doariam.
Envergonhada, Lucinha cumpria o seu castigo mas o seu coraçãozinho doía muito porque ainda não havia pedido perdão para a Rosinha.
Ao final do castigo, quando retornou para a escola, foi a sua primeira atitude: pedir perdão à coleguinha.
Rosinha não queria perdoar a colega e lhe pediu um tempo para pensar. À noite, quando se preparava para dormir, Rosinha viu um anjinho sentadinho na sua cama.
Surpresa ela perguntou: "_ Quem é você?"
- Eu sou o Anjinho do Perdão.
"_ O que você quer de mim?" perguntou a menina.
- Quero lembrar-lhe que a sua coleguinha já foi punida e só falta você perdoar-lhe.
"_ Mas ela me magoou muito, não sei se posso perdoá-la!"
- Você nunca errou Rosinha? perguntou o anjinho.
"_ Já, claro que já"!
- Já precisou do perdão de alguém?
"_ Sim, da minha mãe e de Deus".
- Sua mãe lhe perdoou?
"_ Sim, claro que sim! disse a menina."
- E Deus lhe perdoou também?
" _ Acho que sim, falou Rosinha."
- Rosinha, Rosinha, que foi que você aprendeu na Evangelização sobre o perdão?
"_ Que devemos perdoar, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, quantas sejam necessárias".
- E quem ensinou isto, Rosinha? perguntou o anjinho.
"_ Jesus, foi ele quem nos ensinou."
- Então menina, que é que você vai fazer?
O anjinho nem esperou pela resposta da menina, saiu ligeirinho e retornou à nuvenzinha azul.
No dia seguinte Rosinha acordou pensativa, preparou-se e foi para a escola. Pelo caminho ela se recordava do diálogo que tivera com o Anjinho do Perdão e, ao chegar na sua sala, dirigiu-se à coleguinha Lucinha dando-lhe um forte e carinhoso abraço e lhe disse: "_ Eu te perdoo Lucinha, e quero ser sua amiga, você quer?"
Lucinha chorou de emoção abraçada a Rosinha e, a partir daquele dia se tornaram grandes amigas.
beijinhos de luz...